Os emplacamentos de implementos rodoviários recuaram 10% no ano passado na comparação com 2013, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira. O número total apurado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir) chegou a 159.618 unidades.
O maior impacto, com queda de 20%, foi sentido no segmento de veículos pesados, identificados no mercado por reboques e semirreboques. O resultado atinge diretamente as duas maiores fabricantes do Brasil, Randon e Guerra, localizadas em Caxias do Sul. A primeira, que lidera o mercado nacional e a produção de implementos, tem cerca de 50% de sua receita vinculada à linha pesada.
Até novembro do ano passado, o grupo apurava faturamento bruto de R$ 5 bilhões, em queda de 18% sobre igual período de 2013. Já a receita líquida, na mesma base de comparação, recuara 11,5%, para R$ 3,5 bilhões. Em função da baixa do mercado, as unidades do grupo estão em férias coletivas desde a primeira quinzena de dezembro e só retomam a normalidade das atividades na segunda-feira, dia 12. O mesmo ocorre com a Guerra, que retorna à produção, parada desde 22 de dezembro, no dia 12.
As vendas nacionais de reboques e semirreboques totalizaram 56.529 unidades. Com exceção dos implementos para transporte florestal e dos tanques de carbono, em altas de 89% e 7%, respectivamente, os demais tipos tiveram recuos. Principal produto do setor, que representa em torno de 30% do total das vendas, o graneleiro teve queda de 30%, baixando sua participação de 32%, em 2013, para 27% no ano passado. As vendas de produtos de maior valor agregado, como os baús frigoríficos, com grande concentração em marcas gaúchas, como Randon e Recrusul, recuaram quase 40%. Na linha leve, formada por carrocerias sobre chassis, o mercado apresentou declínio de 4%, com total de 103.089 unidades comercializadas.
As vendas externas também foram negativas no ano passado. Somaram 3.756 unidades, em queda de 31%. A Randon, de Caxias do Sul, tem perto de 90% de participação nos volumes totais.
A preocupação do setor é que a situação interna se agrave no primeiro trimestre do ano em razão das novas normas do PSI/Finame, linha de financiamento de investimentos do Bndes que é responsável por financiar a maior parte dos implementos rodoviários da linha pesada. A taxa anual de juros praticada nos financiamentos no âmbito do programa passou a 10% para grandes empresas; 9,5% para pequenas e médias; e 9% na modalidade Pró-Caminhoneiro, destinada a autônomos.
Também há expectativa de redução da parte financiável pelo PSI/Finame, que era de 100% do valor do bem. No entendimento de Alcides Braga, se isso ocorrer, os bancos comerciais terão de entrar firmes no complemento do valor dos bens, mas com taxas competitivas. “Isso é importante para que os clientes adquiram o produto sem desembolso de capital de giro.”
No segmento leve, no qual o impacto das regras do PSI/Finame é menor, porque parte das empresas compradoras não consegue se enquadrar nas regras do Bndes, Braga estima que as vendas sigam em baixa, influenciadas pelo desempenho da economia no ano anterior. Acredita, no entanto, que a adoção de medidas que reaqueçam a economia ainda no princípio do ano poderá trazer reflexos positivos após os primeiros três meses.
Fonte: Blog do caminhoneiro (Jornal do Comércio) reportagem de 09/01/2015.