Os motoristas que quiserem obter, renovar ou mudar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias C, D e E serão obrigados a se submeter a um exame toxicológico. A resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) entra em vigor em 30 de abril. O objetivo é detectar o consumo de maconha, cocaína, crack, merla, codeína, morfina, heroína, ecstasy, além da anfetamina e metanfetamina, os populares rebites. 
Quem for pego no exame, que só poderá ser realizado em clínicas credenciadas ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), será considerado inapto até apresentar laudo negativo do exame que leva em conta período mínimo de 90 dias retroativos à data da coleta. Para o teste, será coletado material biológico - cabelo, pelo ou unhas. 
As autoridades resolveram endurecer a fiscalização para tentar reduzir as trágicas estatísticas do trânsito, uma vez que mais de 43 mil mortes são registradas por ano nas ruas e estradas do País. Segundo o Denatran, os estudos realizados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) indicam que as principais ocorrências de acidente envolvendo veículos grandes acontecem no período da noite e com condutores suspeitos de terem feito uso de substâncias psicoativas. 
A reportagem ouviu a opinião de caminhoneiros sobre a nova exigência. A medida foi aprovada pela maioria dos entrevistados. A única queixa é em relação ao custo do exame, que vai girar em torno de R$ 270 a R$ 290, e deverá ser arcado pelos motoristas. 
O caminhoneiro Marins Belo da Silva, de 70 anos, orgulha-se dos 40 anos na estrada sem provocar "um arranhão sequer". Para ele, a lei é muito importante, mas os corretos não podem pagar pelos erros de outros. "Esse problema das drogas está demais, alguma coisa tinha que ser feita para aumentar a segurança, mas é injusto nós arcarmos com o preço", critica. 
Heraldo Carvalho, de 36 anos, vai ter de renovar a CNH em 2017. "Ainda vai demorar um pouco, mas já vou preparando o bolso." Segundo ele, o problema das drogas está cada vez mais comum entre os colegas de profissão. "Infelizmente, na ânsia de ficar acordados e trabalhar mais, muitos caminhoneiros usam rebites e outras drogas. Nunca cheguei nem perto dessas coisas", garante. "Eu até dirijo à noite, mas no dia anterior durmo a tarde inteira. Dinheiro nenhum vale uma vida", adverte. 
Para Vicente Soares dos Santos, de 33 anos, a direção noturna é item desclassificatório na escolha de um serviço. "A primeira coisa que pergunto para o contratante é se tem que dirigir à noite. Se tiver, já recuso", garante. Segundo ele, além do risco de dormir ao volante, também há o risco de colisão contra motoristas drogados. "Cada coisa que já vi por aí, é de desaminar. Por isso nem arrisco", conta. 
João Batista da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina (Sinttrol), classificou o tema como "espinhoso", porém se posicionou a favor do exame. "Infelizmente, o problema existe, não podemos esconder. Não há como ser contra uma medida que visa segurança dos profissionais e de terceiros", opina. Silva acredita que, no caso dos trabalhadores contratados, os empregadores devam arcar com a taxa. "Vamos buscar isso por meio de acordos coletivos, afinal os empregadores são os maiores interessados." 
A nova resolução agradou também os motoristas de carros de passeio. O agricultor Claudimar Bissi, de 46 anos, percorre várias estradas da região e se diz inseguro. "Há muita imprudência por parte dos caminhoneiros, muitas mortes. Tomara que a lei surta efeito." Cláudio Rodrigues de Araújo, de 45 anos, viaja quase todo fim de semana com a mulher e duas filhas, de 4 e 9 anos. "Sempre que ouço falar de motoristas dirigindo à base de rebite fico preocupado. A próxima família pode ser a minha, por isso sou a favor da resolução."
 
Fonte: FETROPAR (NOTÍCIAS > SAIU NA IMPRENSA > DECISÕES JUDICIAIS).
Publicado: Qui, 12 de Fevereiro de 2015 16:04.