Embora ainda tenha algumas preocupações com o futuro da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Paraná (Sindiurbano), Valdir Mestriner, avaliou positivamente a decisão do prefeito Alexandre Kireeff (PSD) de esvaziar a companhia, deixando-a apenas com as atribuições originais de trânsito e tranasporte. As demais competências seriam repartidas entre outros órgãos do governo, conforme afirmou à FOLHA o prefeito.
Integrante do fórum "A CMTU que queremos e precisamos", encarregado de apontar medidas para a melhoria dos serviços da empresa, Mestriner disse que a solução de Kireeff reflete as propostas feitas nas audiências públicas realizadas em maio e junho do ano passado. "A companhia, hoje, tem uma série de atividades que geram despesas, sem trazer receitas. Com um leque tão grande, é difícil oferecer um serviço de qualidade. Foi sobre este pressuposto que trabalhamos nas audiências", apontou.
Embora haja a garantia do prefeito de que não haverá demissões, o sindicalista disse que ainda tem preocupação com os serviços que serão cedidos a outras pastas, como a limpeza urbana, fiscalização de posturas e de publicidade irregular. "Temos dúvidas se funcionários que hoje têm essas atribuições serão cedidos temporariamente para as secretarias, se serão aproveitados e de que forma serão aproveitados", comentou.
O relatório do fórum, entregue no final de janeiro a Kireeff, aponta que a transposição definitiva de funcionários é considerada ilegal por decisões tanto dos tribunais de contas quanto do Supremo Tribunal Federal.
A vereadora Elza Correia (PMDB), que também integrava o fórum, considerou o anúncio do prefeito um avanço e também lembrou que trata-se de uma das sugestões do grupo de estudo. "A CMTU foi criada para tratar de trânsito e transporte, mas, acabou virando um ‘Frankestein’ e sabemos com qual objetivo", criticou, referindo-se ao escândalo que ficou conhecido como AMA/Comurb (a antiga CMTU), que consistia no desvio de recursos públicos por meio de licitações fraudulentas realizadas na antiga Autarquia do Ambiente e na então Companhia de Urbanização durante a gestão do ex-prefeito Antonio Belinati.
O vereador Mário Takahashi (PV), que tem sido um dos principais críticos da companhia, também avaliou positivamente a ideia, afirmando que sempre defendeu este tipo de mudança. "Hoje, o município, além de repassar os recursos para a CMTU manter os contratos, paga taxa de administração de 6%. Com os serviços na administração direta, o município economizará esses 6% e, obviamente, a companhia, mais enxuta, poderá prestar serviços melhores nas áreas de trânsito e transporte", afirmou. "Acho que essa deveria ter sido uma das primeiras medidas do governo."
Presidente da Comissão de Finanças da Câmara desde o ano passado, Takahashi lembrou ainda que a CMTU tinha, até 2012, prejuízo acumulado de R$ 21 milhões. "É uma companhia insolvente. Mantê-la significa continuar tirando dinheiro de uma ‘empresa’ boa (o município) e colocando numa empresa quebrada. Não é lógico do ponto de vista administrativo."
Tanto Mestriner quanto Elza reclamaram que souberam do relatório apenas pela reportagem da FOLHA. "Não recebemos cópia", disse o sindicalista. "Embora eu tenha perguntado, muitas vezes, sobre este relatório, ainda não havia obtido resposta", comentou a vereadora.
Fonte: FETROPAR (NOTÍCIAS/SAIU NA IMPRENSA/NOTÍCIAS DO SETOR).
Publicado: Sex, 06 de Março de 2015 12:39.