Embora caminhoneiros estejam se concentrando e realizando protestos em diversos pontos do Oeste catarinense desde a meia-noite, não há registro de bloqueios em rodovias federais ou estaduais de SC até pelo menos 18h45min desta quinta-feira. A categoria iniciou uma série de manifestações pelas estradas após uma nova reunião com membros do governo em Brasília, que terminou sem acordo.
– Não houve negociação. O ministro (Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência da República) falou o que quis e se retirou da reunião – afirma Vilmar Bonora, um dos representantes do movimento em São Miguel do Oeste. Na noite desta quinta, ele voltava da reunião em Brasília e ainda não havia chegado a Santa Catarina.
Há movimentação em São Miguel do Oeste, Maravilha, Concórdia, Irani, Barracão, Campos Novos, Dionísio Cerqueira e Cunha Porã. Em alguns destes locais, caminhoneiros estão às margens das rodovias, interceptando motoristas e solicitando a adesão deles ao movimento. Em outros, os caminhões foram estacionados em locais mais afastados.
Entretanto, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), não há informações de interrupção do trânsito em SC.
Caminhoneiros falam em 120 pontos com concentração no país
Grupos também protestam em pelo menos mais quatro Estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Segundo o movimento dos caminhoneiros, já são mais de 120 pontos no país com movimentações da categoria. Já a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) diz que, até 18h30min, eram apenas 16.
Em alguns locais, como na BR-101 em Três Cachoeiras (RS), bloqueios foram registrados nesta quinta-feira, mas as rodovias acabaram sendo liberadas horas depois.
No Paraná, houve protestos em cidades como Toledo, Cascavel e Laranjeiras do Sul, todos na BR-277. Alguns trechos foram bloqueados, mas acabaram sendo liberados após negociações com a polícia.
Moradores do Oeste de SC fazem fila para garantir combustível
Diversos postos de gasolina do Oeste e Extremo-Oeste catarinense registram filas desde o fim da tarde de quarta-feira. A intenção dos motoristas é tentar garantir o combustível durante a possível paralisação. Entre fevereiro e março, cidades da região sofreram com o desabastecimento de gasolina, já que caminhões eram proibidos de passar pelas estradas.
Desta vez, terão acesso liberado pelas estradas apenas os caminhões que estiverem levando ajuda às vítimas dos tornados em Xanxerê e Ponte Serrada.
Categoria exige tabela com preço mínimo de frete
Entre 18 de fevereiro e 3 março, os caminhoneiros mantiveram bloqueios e realizaram protestos em diversos Estados brasileiros, causando dificuldades na distribuição de alimentos e gasolina, entre outros itens. As cidades do Oeste catarinense, por exemplo, tiveram dificuldades para escoar a produção agrícola ou receber combustível e ração para animais.
Na época, a PRF em SC atuou no desbloqueio das estradas, gerando conflitos em alguns pontos – como em Xanxerê, que terminou com detidos e a dispersão do movimento. O uso da força aconteceu também em outros Estados, sendo o caso de maior repercussão a liberação da entrada para o porto de Santos (SP), em 25 de fevereiro.
No dia 2 de março, a presidente Dilma Rousseff sancionou a chamada Lei dos Caminhoneiros, melhorando temporariamente a relação do governo federal com a categoria, mas não atendendo parte das demandas.
Agora, a principal reinvindicação é a criação de uma tabela com preço mínimo de frete. O governo chamou a medida de "impositiva" e ofereceu uma tabela referencial.
Fonte: Diario Catarinense