A falta de recursos tem afetado o cronograma de conclusão da duplicação na BR-280, no Norte de Santa Catarina. Um estudo apresentado na noite de segunda-feira (7), no Fórum Parlamentar de Santa Catarina, mostra que a obra está praticamente parada. 

Quando começou a duplicação, em 2014, a intenção era entregar a rodovia até 2017. No encontro, representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) evitaram falar em novos prazos.

“Temos dois contratos somando quase R$ 1 bilhão e temos uma execução de apenas de R$ 70 milhões, mas sabemos que a dificuldade independe do ritmo da obra. Se tiver mais recursos, nós temos condições de tocar mais”, afirma Vissilar Pretto, superintende do DNIT em Santa Catarina, à RBS TV.

Com menos recursos, o ritmo de trabalho caiu 45%. De acordo com o DNIT, é preciso discutir ainda se é possível retirar recursos de outras obras para destinar à BR-280. Para esse ano, a previsão é que sejam liberados R$ 21 milhões, que dependem da aprovação do Governo Federal. 

Etapas de construção
A obra toda prevê a duplicação de 74 quilômetros da BR-280, desde São Francisco do Sul até Corupá, fazendo um contorno novo da rodovia em parte do trecho.

Os trabalhos foram divididos em três lotes. O primeiro, de São Francisco do Sul até Araquari, ainda não tem as licenças ambientais e os recursos para as indenizações, por isso segue sem ordem de serviço.

Já os outros dois lotes, do entroncamento com a BR-101 até Guaramirim e o novo contorno pelo interior de Jaraguá do Sul, saindo em Corupá, só estão com 10% dos trabalhos concluídos.

Estudo
Segundo o levantamento realizado em fevereiro pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), o projeto tem com poucas frentes de trabalho, obras especiais não iniciadas (viadutos, pontes e passarelas) e desapropriações pendentes.

O estudo mostra que o ideal seria priorizar o trecho mais barato. “Se nós fizéssemos a duplicação do lote 2.1, que compreende entroncamento com a BR-280 com a BR-101 até município de Araquari , é lote que demanda investimento pequeno e resolveria parte do problema da região”, diz Mário Cesar Aguiar, vice-presidente Fiesc.

Concessão
No Fórum Parlamentar de Santa Catarina, algumas autoridades defenderam a agilidade na concessão da BR-280 para a iniciativa privada. A expectativa é o que o leilão seja ainda neste ano.

“Nossa previsão é que seja colocada em licitação a concessão da BR-280 até outubro”, afirma Josias Sampaio Cavalcanti Júnior,  especialista de regulação e transportes da ANTT.


Prejuízos com atraso da duplicação
Sem a duplicação, os empresários alegam prejuízos. Uma pesquisa feita por um instituto de Jaraguá do Sul mostrou que Produto Interno Bruto (PIB) de cidades cortadas por rodovias já duplicadas cresce num ritmo maior. Os municípios às margens da BR-101, por exemplo, cresceram 255% em dez anos. Enquanto isso, as cidades cortadas pela BR-280 tiveram incremento de apenas 149% no PIB.

“O impacto para a indústria da região é no sistema de distribuição, temos parque fabril diversificado, nós forte tendência para incrementar a indústria, mas a contrapartida do estado tem sido desproporcional ao que nós arrecadamos”, declara Paulo Mattos, presidente Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs).